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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A IMPORTÂNCIA DO IDE

Portugal apresentou em 2008 uma das mais baixas taxas de investimento directo estrangeiro, 59%, ficando consideravelmente abaixo da média europeia, que foi de 74%, segundo um estudo divulgado pela Ernst & Young.

O estudo revela que grande parte dos investimentos estão concentrados na área da produção, o que leva a que a média de postos de trabalho criados em Portugal por cada projecto tenha sido de 157, muito acima da média europeia de 70.

Sabendo que o nosso pais já não beneficia do grande diferencial no custo de mão-de-obra que existia há umas décadas atrás, tendo sido substituído nessa matéria pelos países do leste europeu e asiáticos, esta situação poderá ser preocupante na medida em que terá tendência a desaparecer a curto prazo. Aparentemente, a procura de Portugal para investimentos na área da produção, com especial incidência na indústria automóvel, será uma consequência da existência de mão-de-obra suficientemente qualificada e produtiva. Contudo, e olhando para o que acontece noutros países da Europa e até nos próprios EUA, o investimento directo estrangeiro tem vindo a concentra-se nas áreas tecnológicas e de elevado valor acrescentado, nomeadamente mais nas áreas dos serviços especializados do que nas indústrias produtivas.

O IDE funciona, em termos macro e de balança de pagamentos do país, como a exportação de bens de consumo, injectado capital na economia. Com uma balança de pagamentos deficitária e com uma dívida externa que já ultrapassa o valor do PIB, o país e os seus governantes deveriam olhar para este assunto com muito mais apreço e cuidado.

Mas o IDE poderá trazer ainda mais ao país do que uma injecção externa de capitais. Potencialmente trará consigo tecnologia de ponta, novos conhecimentos e competências e novas oportunidades para desenvolvimento de outros negócios ao nível interno da própria economia.

Para aumentar o investimento directo estrangeiro no nosso país teremos de nos assegurar que foram criadas as condições que poderão atrair o mesmo tipo de investimento, nomeadamente regulamentação laboral, fiscal e administrativa adequada bem como mão-de-obra altamente qualificada, especialmente nas áreas tecnológicas de rápido desenvolvimento, como as TIC, nanotecnologia, biotecnologia e outras.

As empresas internas poderão também contribuir para o aumento do IDE, por via de parceiras tecnológicas e de financiamento, mas o seu impacte será sempre reduzido quando comparado com o papel do Estado, que deverá criar as condições propícias ao investimento, tanto externo como mesmo interno. A atractividade do país mede-se pelo ambiente (externo) do mesmo e não apenas pelo ambiente (interno) de uma ou outra empresa.

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