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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O PODER DOS “MEDIA”

Os “media” podem distorcer o normal funcionamento da economia. Devemos estar atentos à sua influência.

Conhecemos os “media” como o “quarto poder”. Murdock disse uma vez que, se quisesse,  podia eleger ou fazer cair governos. De facto, os media são utilizados desde há muito tempo por governos e oposições (quando têm essa liberdade) para influenciar pessoas. A expressão “está escrito” é ainda utilizada por muitos como sinónimo da veracidade de algo.

A utilização dos “media” na divulgação da gripe A fez disparar a procura de vacinas para a epidemia. A não divulgação dos media do número de mortes diárias causados pelo tabaco e pelas drogas, com constantes actualizações, faz com que se continue a assistir ao aumento do número de jovens que se iniciam no consumo de tais produtos.

A informação sobre a gripe aviária causou enormes prejuízos aos produtores e distribuidores de carne de galinha, sem que nem sequer se tivesse identificado uma única situação de contágio no nosso país. O mesmo tem acontecido com outros produtos, marcas de produtos ou mesmo serviços. A divulgação de alguma práticas menos adequadas na indústria da restauração em segmentos específicos como a comida oriental tem reduzido imenso o número de clientes nesse tipo de restaurantes, levando ao encerramento de alguns.

Não é por acaso que as grandes empresas, especialmente as cotadas em bolsa, possuem departamentos de informação que trabalham na divulgação dos resultados económico/financeiros bem como na promoção dos seus produtos de forma não publicitária, ou ainda na resolução de problemas que tenham surgido e sido alvo do interesse dos “media”. Da mesma forma, a CMVM (entidade reguladora dos mercados de capital, vulgo bolsas, em Portugal) e outras entidades congéneres por todo o mundo fiscalizam a informação, ou desinformação, que as empresas cotadas disponibilizam para o mercado em geral, aplicando elevadíssimas coimas aquelas que por via da desinformação influenciam ou são susceptíveis de influenciar o valor das suas acções em bolsa.

O poder da informação é assim enorme.

Um comentário favorável acerca de um produto de consumo, de um estabelecimento, de um serviço, pode fazer aumentar tremendamente o número de clientes ou consumidores. Um comentário desfavorável tem, normalmente, ainda efeitos mais amplos.

Se por um lado, as empresas necessitam de estar atentas aos conteúdos acerca das suas actividades que possam merecer a atenção dos “media”, os consumidores deverão ainda ter mais cuidado, porque não é inédito que a informação que é fornecida ao mercado tenha sido manipulada de forma a obter um determinado resultado.

Foi feito há alguns anos atrás um estudo em Portugal em que foram colocadas a teste cego três marcas de cerveja, todas elas conhecidas do grande público. Os resultados foram no mínimo surpreendentes. A líder de mercado foi na maioria dos testes classificada como a pior de todas, em paladar e demais parâmetros analisados. Contudo, quando as mesmas cervejas foram fornecidas com as devidas identificações, exactamente às mesmas pessoas que participaram no estudo, a líder já devidamente identificada pelo seu rótulo e marca, foi considerada pela esmagadora maioria dos participantes como a melhor.

A força da marca tinha desempenhado o seu papel. Os “media” também contribuem, voluntária ou involuntariamente, para esse fim.

Como consumidores temos de ter o cuidado de analisar se estamos ou não a ser levados a comprar determinados produtos ou marcas por impulso, apenas porque nos foi induzido essa mesma vontade de forma inconsciente mas efectiva.

Provavelmente, a maioria dos consumidores comprará, estupidamente, muitos produtos sem saber bem o porquê do seu próprio comportamento.

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