A riqueza de um país é o somatório de todo o valor criado ou acrescentado com que cada individuo possa contribuir para a sociedade.
Semear uma semente e depois colher muito mais sementes ou frutos da planta que nasceu, que serão transaccionados por outros produtos ou por uma qualquer outra moeda de troca, será a forma mais simples e primitiva de criar valor, ou numa linguagem mais corrente, de acrescentar valor.
Criar uma ferramenta que pode semear muitas sementes ou colher muitos frutos de forma mais eficiente é outra forma de criar valor, por ventura mais vantajosa do que a primeira porque permite que a sua repetida utilização contribua para a repetição da criação de valor.
Criar uma obra de arte é também uma forma de criar valor, ainda que com base na intangibilidade da mesma. Neste caso, o valor acrescentado poderá ser muito maior do que nos dois primeiros casos.
Desenvolver um novo conhecimento, científico ou não, que possa ser utilizado por outros indivíduos de maneira a criarem mais valor de forma repetida é ainda, quiçá, o processo com maior potencial para criar valor e riqueza colectiva.
Para que os indivíduos possam semear sementes, criar máquinas ou obras de arte e desenvolver novos conhecimentos, deverão possuir as “competências” devidas e necessárias.
Competência, numa definição muito livre, é o somatório do saber ou ter conhecimento sobre algo, mais o saber fazer algo aplicando esse conhecimento e, ainda, ter a atitude certa para o fazer da forma correcta.
É o desenvolvimento das competências que levam o homem e as sociedade a evoluir e a crescer. Sem aumento de competências será difícil que qualquer sociedade consiga fazer algo de diferente daquilo que já faz.
No processo de aprendizagem para se obter competências, utiliza-se a progressiva qualificação das pessoas como forma de se aquilatar da sua, supostamente, aquisição de competências. Assim, ter uma qualificação é na maioria das situações na sociedade sinónimo de ter também a correspondente competência. A licenciatura de um jurista deverá significar que conhecerá as leis e deverá ter a competência para as aplicar em defesa ou acusação de uma qualquer situação prevista nas mesmas leis. A obtenção da carta de condução deverá significar a existência da competência para conduzir um determinado tipo de veículo.
Porém, sabemos que nem sempre isto é verdade. Qualificação não significa necessariamente competência.
Este é um erro que poderá ser fatal para a economia. A escolaridade obrigatória até certos níveis de qualificação, como o 12º ano, não faz dos nossos jovens pessoas com mais competências. A atribuição de diplomas de equivalência a níveis de escolaridade por via da experiência não dá às pessoas competências que possam ser utilizadas para produzir mais valor.
O título, tal como o hábito para o monge, não faz de ninguém médico, arquitecto, engenheiro ou gestor.
A economia só progride se as pessoas, independentemente dos seus títulos e qualificações académicas, tiverem vastas competências que possibilitem a criação de elevado valor, por via da criação de novas soluções e de novos conhecimentos, esses sim potenciadores de desenvolvimento económico.
O valor acrescentado é tanto maior quanto maior for a dificuldade em produzir algo, quer seja produto, serviço ou combinação de ambos. E a maior dificuldade exige mais elevadas competências. Sem essas, nunca conseguiremos criar riqueza que possa ser distribuída e utilizada na criação de uma economia forte.
Infelizmente, e pior ainda, estupidamente, as políticas de qualificação nem sempre servem para o desenvolvimento e criação de competências. Por certo, não nos servirá de muito sermos todos doutores e engenheiros e não termos as competências necessárias nem para fazer nem para criar nada.