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sábado, 5 de setembro de 2009

AUMENTAR O CONSUMO INTERNO AJUDA A ECONOMIA? NEM SEMPRE!

O POTENCIAL ERRO DO AUMENTO DO CONSUMO INTERNO

Em época de eleições, ouvem-se muitas vozes a defender a teoria de que o aumento do consumo interno servirá para fazer crescer o PIB e melhorar a economia. Assim, vários políticos propõem que se baixem os impostos, directos e indirectos, que se aumentem os ordenados e os subsídios de reforma, desemprego e outros, tudo com o objectivo de deixar mais dinheiro nas mãos das pessoas de forma a que o possam despender na compra de bens de consumo e outros e, assim, fazer subir o PIB.

O primeiro, e grande, beneficiário do aumento do PIB é o Estado que vê aumentada, dessa forma, a base tributária em que faz incidir os mais diversos impostos. O aumento do PIB é sempre o bom negócio para o Estado.

Mas será que a subida do PIB com base no aumento do consumo é bom para a economia nacional? Não necessariamente.

Vejamos primeiro de onde vem o dinheiro que irá parar ao bolso das pessoas por via dos aumentos de salários, subsídios e outras formas?

Se a fonte desse dinheiro for de origem interna, quer isto dizer, da criação de valor interno por via da produção de produtos e serviços que são exportados ou substituem outros importados, então estaremos perante uma posição potencialmente favorável. Se a fonte do dinheiro for outra que não a interna, isto é, se for de origem externa por via do investimento e do financiamento, estaremos perante um potencial problema. O investimento externo tem sempre um carácter temporal limitado e mais tarde ou mais cedo será retirado, juntamente com os lucros obtidos, pelo que a fonte é temporária. O financiamento externo implica juros e a necessidade do devido pagamento, dentro de prazos determinados. Assim, a fonte do dinheiro é importante na medida que pode comprometer o futuro.

Depois, teremos de ver para onde vai o dinheiro. Se o consumo for de produtos ou serviços nacionais, produzidos principalmente com matérias primas e mão de obra interna, esse consumo estará a alimentar a criação de valor que será mantido na economia do país e poderá servir para fomentar o auto-crescimento desta.

Porém, se o dinheiro for utilizado no consumo de produtos e serviços adquiridos além fronteiras ou com uma forte componente externa, estaremos a fazer com que os recursos monetários existentes estejam a sair do circuito interno e, consequentemente, a perder-se para outros.

Assim, o consumo apenas deve ser fomentado ser for direccionado a produtos e serviços cujas matérias primas, componentes e mão de obra sejam maioritariamente internos, de forma a reter o capital dentro das fronteiras económicas nacionais. Fomentar o consumo de produtos e serviços importados é o mesmo que cavar a sepultura da própria economia, na medida em que se perdem recursos próprios ou, o que ainda é pior, emprestados que terão de ser pagos com juros, mais cedo ou mais tarde.

Desta forma, seria bem melhor se se fomentasse o desenvolvimento de condições favoráveis à criação de valor acrescentado interno à economia do pais, com base em matérias primas, conhecimento e mão de obra locais.

Dito isto, começa a ser fácil perceber onde deverão incidir as políticas de desenvolvimento da nossa economia. Exactamente nas matérias primas (transformação), conhecimento (I&D) e mão de obra (competências) nacionais. 

Se olharmos para a maioria do que compramos no dia-a-dia reparamos que quase nada é feito em Portugal. A comida, os combustíveis, o vestuário, as viaturas, as ferramentas, os medicamentos, os electrodomésticos, as matérias primas para a industria e construção, etc., etc. Ou será que esta evidência é “estupidamente” incompreensível.

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