MUITO INVESTIMENTO PÚBLICO TEM POTENCIALMENTE UM FRACO IMPACTE NA ECONOMIA.
Desde posições extremas de intervencionismo como sugeridas por Karl Marx até às de nenhum intervencionismo defendidas por Milton Friedman, passando por posições intermédias como a de John M. Keynes, temos níveis de intervenção do Estado na economia para todos os gostos.
Os Estados intervêm nos mercados com o objectivo de eliminar aquilo a que se chama “falhas de mercado”. Estas são causada pelo desinteresse, principalmente económico, ou pela impossibilidade da sociedade civil criar uma determinada oferta. Por exemplo, a justiça dificilmente seria um negócio tão lucrativo que pudesse atrair investimento privado. A investigação e desenvolvimento em certas áreas do conhecimento também não é suficientemente lucrativa para que a sociedade civil surja com suficiente investimento para satisfazer as necessidades existentes no desenvolvimento do conhecimento.
Muitas infra-estruturas, de grandes dimensões e prazos alargados, só são possíveis se forem fortemente financiadas pelo Estado. A segurança interna (pública) e externa (militar) e a justiça serão áreas com forte tendência manter a sua total dependência do financiamento dos Estados. A saúde e a educação poderão ter áreas que possam interessar ao investimento privado, pelos seus níveis de lucro ou pelas especificidades dos mercados. As restantes áreas, mesmo algumas como a da energia e das comunicações, conseguem ser suficientemente atractivas para cativar investimento da sociedade civil.
Assim, por desinteresse da sociedade civil (investimento privado) ou pela necessidade de avultados investimentos, o Estado terá sempre um papel, mais ou menos, intervencionista.
Contudo, esta questão assume novas dimensões quando os interesses políticos por detrás do Estado, ou de quem o controla, levam a que o mesmo Estado tenha um papel mais intervencionista em áreas cujos resultados são acima de tudo políticos, como o crescimento artificial da economia ou a redução artificial do desemprego.
Escudados por interesses meramente políticos, muitos governos utilizam a prerrogativa que lhes está subjacente e intervêm na economia em áreas e na frequência que pouco ou nada beneficia a sociedade ou a economia em geral.
Isto acontece quando o Estado investe em “obras” que não têm qualquer efeito multiplicador futuro, ou se o têm é marginal e dificilmente justificará o custo. São exemplo disso as frequentes obras dos municípios no embelezamento das povoações. Em vez de se investir na criação de infra-estruturas de desenvolvimento sustentado e melhorado dos tecidos urbanos, constroem-se dispendiosos centros de rotundas com funções mera e exageradamente decorativas.
O mesmo se passa a nível governamental mais elevado. Distribuem-se computadores pelos jovens na escola mas não existem infra-estruturas de suporte para uma comunicação eficaz de internet nem professores preparados para tirar partido da nova ferramenta, não se retirando todos os potenciais benefícios que a distribuição de portáteis poderia trazer ao alunos.
Ao fazer este tipo de investimento, o Estado está apenas a criar oportunidades de negócio de curta duração para a sociedade. Terminados os mesmos, a sociedade civil voltará novamente à condição de necessitada de ajuda do mesmo Estado.
Porém, ao investir na aquisição e criação de novos conhecimentos ou na criação de infra-estruturas que possam facilitar o desenvolvimento da iniciativa privada por via de novos negócios, existirá naturalmente uma maior e melhor perpetuação da criação de valor pela sociedade. A criação de uma universidade numa cidade de interior pode levar ao desenvolvimento de negócios à sua volta, como resultado da existência de novas competências. A construção de um estádio de futebol na mesma cidade tenderá a não ser capaz de criar suficiente valor no futuro que justifique o investimento inicial.
Assim, muitas intervenções do Estado na economia têm apenas um impacte imediato e de curta duração, muitas vezes de mero carácter eleitoralista, e que não trazem qualquer benefício a longo prazo, nem para a economia da qual o Estado iria beneficiar nem para a sociedade que vê os seus recursos serem desperdiçados para satisfação de uns poucos.
Como cidadãos temos de compreender que nem sempre os investimentos do Estado têm o mesmo impacte na sociedade e na economia, sendo muitos deles estupidamente desnecessários e injustificáveis.
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