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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

ONDE ANDA O CAPITAL?

O risco dos depósitos nunca foi tão grande

Dizem as estatísticas que nunca se assistiu a um tão crescente número de aforradores  a colocarem as suas economias em depósitos a prazo nos bancos comerciais., sendo que o total de capital em tais tipos de depósitos atinge valores record para os últimos anos.

Por um lado, parece que a descida da rentabilidade dos certificados de aforro está a fazer deslocar as poupanças mais conservadoras do fundos do Estado para os depósitos a prazo das entidades bancárias. Por outro lado, a população em geral está mais contida no que diz respeito ao consumo e ao investimento, o que leva a que mais gente tenha excedentes monetários que são guardados para posteriores utilizações.

Mas se o dinheiro está nos bancos, porque não é este enviado para a economia?

A verdade é que os bancos estão a reter esses capitais, depositando-os nos bancos centrais de onde apenas obtêm juros mínimos em vez de os utilizar para financiar as actividade económicas, isto é, as empresas e até mesmo o investimento particular. Isto, porque de repente, os bancos ficaram adversos ao risco.

Os exageros do passado levaram muitos bancos a criar grandes carteiras de incobráveis. Muitos investidores fizeram o que todos sabemos que é demasiado arriscado de se fazer: contraíram financiamentos com a banca para investir nos mercados accionistas, muitas das vezes comprando acções dos mesmos bancos que os financiaram.

A queda das bolsas fez com que as acções tenham descido para valores percentuais em muitos casos de apenas um dígito em relação aquilo que eram no momento da compra.

Agora, pendurados nesses empréstimos concedidos, os bancos não vêem grandes hipóteses de vire a recuperar o dinheiro que emprestaram. Contudo, ao longo dos últimos anos esgotaram-se em prémios e salários milionários na expectativa de virem a capitalizar os juros de tais financiamentos.

Quando se consome o que se tem com base na expectativa do que se há-de vir a ter no futuro, mas que é incerto, corre-se o risco de se acabar mal.

Apesar das enormes injecções de capital nos mercados financeiros que os governos de muitos países fizeram, o “buraco” da gestão danosa das últimas décadas é quase inquantificável, o que leva a que a suspeita de que a saúde do sector financeiro é ainda muito débil seja uma realidade. Existe mesmo a possibilidade de que grandes derrocadas possam ainda acontecer, incluindo bancos de grandes dimensões, impensáveis de estarem sujeitos a tais ameaças.

Quando alguém me pergunta qual o banco mais seguro, por graça costumo referir que é o “colchão”. Mas a verdade não anda longe se dissermos que depositar as poupanças em contas mesmo a prazo, com capital e juros garantidos por contrato, em qualquer banco comercial, é tão arriscado como emprestá-lo ao “vizinho” que não conhecemos de lado nenhum.

Se a economia não recuperar, por via da produtividade e do necessário consumo, e se forem criadas pressões externas sobre a economia, como o aumento do preço da energia, o sector financeiro poderá vir a sofrer pressões que potencialmente serão danosas para o sector financeiro, não se sabendo até onde poderá este aguentar tais vicissitudes.

O risco em ter dinheiro nas mãos de outrem nunca foi tão grande como agora.

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