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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A BANCA E A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

A banca em geral, é por si própria e intrinsecamente, um conflito de interesses.

Os bancos, ao contrário de muitos negócios nos dias de hoje, tem forçosamente de ter uma visão de longo prazo. Compreende-se facilmente esta necessidade: se o cliente vai pagar durante os próximos vinte anos o financiamento que pediu emprestado para comprar a casa , será bom que tanto o cliente como o banco existam por mais, no mínimo, vinte anos.

Esta perspectiva de longo prazo de muitos dos negócios financeiros, a qual também serve para capitalizar resultados sustentáveis, deveria ter forçosamente algum impacte nas politicas negociais do sector financeiro, de forma lata.

Dizia-me um director de um banco que os clientes obrigam muitas vezes os bancos a inovarem. O poder do capital é enorme, como referia ele, tendo os bancos por vezes de criarem produtos específicos para necessidades específicas de alguns clientes, como por exemplo um fundo de uns milhões de euros para uma igreja e respectiva comunidade de fieis numa carteira de acções que não incluísse negócios como a produção e venda de armas e material de guerra ou a produção de cereais transgénicos.

A força dos muitos milhões de euros que se adivinhavam para entrar neste fundo de investimentos fez com que o banco juntasse uma carteira de acções em conformidade com os requisitos.

Compreende-se. O cliente justificava e a perspectiva de longo prazo do banco também.

A questão da sustentabilidade ambiental tem, contudo, criado um novo problema para os bancos.

Caso a ameaça do degelo dos pólos se venha a concretizar como resultado do efeito de estufa que a constante poluição da nossa atmosfera por indústrias, viaturas e outras fontes poluidoras está a provocar, sendo que esse evento pode provocar fortes transformações na geografia dos continentes, com enormes impactes na localização de populações, exploração de solos e, consequentemente, na politica e na economia, o negócio de longo prazo dos bancos corre sério risco de ser fortemente atingido.

Então, porque continuam os bancos a financiar negócios que poderão cavar a própria sepultara do sector bancário?

Será que os lucros de curto prazo se sobrepõem a todos os outros interesses de longo prazo?

Porque não utiliza o sector bancário o seu enorme poder de “lobby” para provocar mudanças nas políticas governamentais a nível global para que se eliminem as indústrias poluentes e outras fontes de destruição do ambiente?

Estas são questões que não parecem ter resposta, de forma imediata, mas que a médio prazo vão ter de ser respondidas ao público em geral.

A visão do lucro rápido e fácil criou a crise do sub-prime.

O que nos acontecerá se a visão meramente economicista de curto prazo continuar a prevalecer no sector financeiro numa situação de mudança climática global e grandes dimensões?

Nunca saberemos se da próxima vez a população mundial terá disposição e capacidade para pagar mais uma crise financeira que as mudanças climatéricas rápidas ou de médio prazo possam trazer ao mundo. O futuro o dirá!

2 comentários:

  1. Apenas um reparo Manuel:
    "Caso a ameaça do degelo dos pólos se venha a concretizar..."

    Temos que parar para constatar as evidências.
    Não é uma ameaça - é um facto.
    O problema é que estamos todos longe demais para assisitr à calamidade que está a ocorrer a cada minuto que passa.
    É como um fumador que não sente a dor a cada em cada cigarro apesar dos pulmões definharem a passo rápido.

    Recentemente Ban Ki-moon alertou para este problema e devido a isso tenho-me dedicado a uma actualização mais profunda sobre este tema.
    Notícia sobre o secretário das Nações Unidas: http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=1351790

    Evidências fotografadas: http://www.ted.com/talks/james_balog_time_lapse_proof_of_extreme_ice_loss.html

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  2. Sem dúvida, Paulo.
    O degelo já começou. O problema, como diz, é que ainda não se sente. Quando o nível do mar subir até perto d um metro, então teremos algumas reacções bem veementes da sociedade em geral.
    Até lá, tal como so fumadores, continuamos a "fumar".

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